A atividade rural, com a possibilidade de expansão do cultivo e a criação de gado são indicadores de que as fazendas em Minas Gerais, no começo do século XIX, reagiram à crise da produção aurífera, buscando uma independência cada vez maior do mercado no que diz respeito a sua auto-reprodução, ou seja, consolidar o abastecimento de gêneros na praça mineira, uma vez que era um mercado nada desprezível, haja vista que Minas tinha um grande contingente populacional herdado da "idade do ouro".
Ademais, após o estabelecimento da família imperial no Rio de Janeiro, transformaram a capital do país em grande mercado consumidor. O povoamento da região, onde hoje se encontra a cidade de Rio Novo, foi resultado desta lógica econômica. Ao final dos últimos anos dos oitocentos, presume-se que empreendedores se puseram à procura de terras férteis para a plantação.
Seguindo o curso de um ribeirão sinuoso, a que denominaram de Caranguejo, atravessaram a mata e descobriram um rio volumoso e navegável, a que deram o nome de Novo(de acordo com Barbosa/1995). As terras encontradas eram férteis e tinham uma topografia proporcional entre planas e onduladas, o que permitiu a expansão das lavouras de subsistência.
As edificações das casas das fazendas que se ergueram não tinham a ostentação e a beleza das "vilas de ouro", ao contrário, eram abrigos às vezes temporários, podendo serem abandonados de um momento para outro, para se levantar nova casa. A construção das pequenas capelas visava apenas ser um templo de oração e a oportunidade de ser alguma vida social, e para a sua edificação era necessária uma provisão, de acordo com as exigências da Igreja Católica.
Em Rio Novo, a provisão da capela foi obtida por iniciativa de Antônio Dias dos Reis, em 17 de junho de 1800. Em torno da capela nasce a povoação original, conhecida por Conceição do Rio Novo. Na margem do rio Novo, surgiu, na mesma época, o arraial de são João Nepomuceno. Como eram próximos, passaram a ser designados por Capela de Cima (Rio Novo), Capela de Baixo ((São João Nepomuceno). O primeiro capelão foi o Padre Antônio Bonifácio Duarte.
Uma nova capela foi construída com o tempo. Toda de telha, teve provisão por subscrição particular e com a iniciativa de um morador: Francisco Geraldo, erguida no mesmo local onde anos depois surgiu a Matriz. Com o crescimento do arraial foi necessário algum planejamento. Para isto, em 20 de julho de 1834, uma comissão, constituída do Juiz de Paz, Silvestre Magesti França, do fiscal de rendas Francisco Pereira da Silveira Gomes, dos peritos, Maximiano José Pereira de Souza e José Maria Mendes, do escrivão Eugênio pereira da Silva e outros, traçou as primeiras ruas, começando da ponte sobre o rio, pela rua Comendador Filgueira.
Nesta época, o povoado aspirava à condição de freguesia. Para tanto, uma novo templo, mais condigno, se fez necessário construir. Tendo à frente um grupo de fazendeiros, dentre eles , José Manuel Pacheco, Manuel Henriques de Gusmão e Antônio Dias Ladeira e mais tarde, Francisco das Chagas Werneck, José Antônio Ribeiro Diana, a Igreja foi finalmente erguida. E em 1º de junho de 1850, a freguesia foi criada através da lei no. 471, com a denominação de Conceição do Rio Novo.
Com a consolidação do Império, a partir de 1850, foram criadas várias leis que favoreciam a colonização, como a Lei de Terras e o Código Comercial, além das que instituíam incentivos governamentais à construção de linhas férreas e recriavam o Banco do Brasil, fonte de financiamentos. A Lei de Terras, que transformava a terra em propriedade, não mais concessão do governo, dificultou o acesso a ela, já que poucos podiam pagar o preços estipulado pelas áreas.
Isto retirou a legitimidade da ocupação por poceiros, o que foi característica de muitas propriedades até aquela data. O Código Comercial modernizava a economia e regulamentava contratos, falências, hipotecas e a abertura de empresas, dando maior segurança ao empreendedor. Paralelamente, a Lei Eusébio de Queirós vinha proibir o tráfico de escravos, e que, com o tempo, possibilitaria a vinda de colonos europeus para às lavouras (de acordo com Gebara e Machado/1999).
Impulsionada pelo cultivo de milho, fumo, cana, arroz, feijão, mandioca e, principalmente, café, além da melhoria dos transportes com a chegada dos trilhos do trem da Estrada de Ferro Leopoldina, a freguesia de Conceição do Rio Novo é elevada a condição de município, com terras desmembradas de São João Nepomuceno, em 1870, através da lei 1.644, de 13 de setembro de 1870 (de acordo com IGA/IBGE 1977).
A adoção do nome atual data da mesma época. Rio Novo é hoje uma cidade de 8.715 habitantes, tipicamente urbana, uma vez que apenas quinze por cento da população reside na área rural. Os setores agropecuários e industrial (móveis, metalurgia, confecção e laticínio) empregam cerca de cinquenta por cento da mão-de-obra. A cidade ocupa uma área de 209km² e fica distante 46 quilômetros de Juiz de Fora.
Fonte: IBGE
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